Tenho um grande amigo judeu que sempre me convida para um almoço em sua casa, pois gostaria de ter um tempo maior para falarmos sobre religião, maçonaria, rosacrucianismo, crise no oriente médio e todos os assuntos que nos interessa de forma comum.
Ontem resolvi aceitar o convite e liguei para Levi afim de marcarmos.
Ele me atendeu com enorme entusiasmo, dizendo que há muito esperava contar com a minha presença em sua residência, e que seria um imenso prazer receber minha visita neste domingo.
Em seguida perguntou-me o que gostaria de comer e imeditamente respondi: porco.
Ouvi do outro lado da linha uma espontânea gargalhada seguida de um comentário qualquer de como eu era engraçado e que meu senso de humor era ímpar. Repetiu, então, a pergunta, em um tom amistoso, mas com um certo “quê” de impaciência.
A minha insistência em sugerir o consumo de algum pobre suíno ao suco de laranja, acompanhado de uma belo vinho, ao que parece, feriu o “grau consciencional” de meu amigo judeu, que alterou gravemente sua voz comigo e perguntou-me se aquilo era alguma brincadeira sem graça e, se fosse, melhor seria desligarmos o telefone.
Pedi à ele que se acalmasse e expliquei a situação.
Disse que apesar de meu conhecimento de que o consumo de carne suína era proibida aos judeus, juguei que ele, para se aproximar mais de mim, da minha cultura, de minhas necessidades, não veria mal algum em me servir um belo lombo.
Silêncio na linha.
Acreditando que ele ainda aguardava mais explicações sobre o meu pedido, expliquei que no atual estado de coisas do movimento umbandista, com seus ideais de “convivência pacífica”, “convergência”, “respeito às diversidades”, “aceitação ao plural”, acreditei que deveria aceitar (e servir) o alimento proibido à ele afim de que pudessemos estreitar nossos laços e, claro, houvesse uma demonstração de respeito ao meu próprio grau de consciência.